O FIM DE UMA ETAPA E O INÍCIO DE UM NOVO MOMENTO PARA O MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UFES
O Movimento Estudantil da UFES deu no dia 27 de outubro um importante passo na luta por uma Universidade integralmente pública e responsável com seu corpo discente e a sociedade em geral.
Iniciamos um processo grevista altamente propositivo, em que problematizamos não só a posição dos/as bolsistas individualmente, mas o papel que cumprem para manutenção de uma Universidade com precárias políticas de assistência estudantil, de pesquisa e extensão.
Até hoje insistem em dizer que os programas de assistência e de bolsas para pesquisa e extensão (que são coisas bastante diferenciadas) da nossa Universidade são considerados programas-modelo. Modelos em que? Voltamos a dizer: a UFES utiliza como mão-de-obra superexplorada estudantes que não tem direitos sequer de estagiários/as, quanto mais trabalhistas. Atuam em áreas administrativas pela metade do tempo de um servidor técnico-administrativo e não ganham sequer um quinto do que recebe um servidor na mesma área desempenhando as mesmas funções.
Que política de assistência e de bolsas para pesquisa, extensão e ensino são essas?
Pois bem, chegamos a este dia 17 de novembro, 22 dias após a deflagração de greve com uma importante missão cumprida: a Administração Central da UFES declarou publicamente que mantém um sistema de bolsas falho. E mais: Se comprometeu a até o ano que vem corrigi-lo a partir da extinção das bolsas PAD e ampliação das bolsas de pesquisa, extensão e monitoria.
Na prática, veremos a quantidade de bolsas para monitoria, extensão e pesquisa quase dobrar, o que é um avanço fundamental que não teria sido possível sem o movimento.
Importante lembrar que antes de ser deflagrada a greve o discurso na Comissão de Bolsas instaurada pelo Conselho Universitário e na própria Reitoria era de que seria impossível aumentar o valor pago sem reduzir a quantidade global de estudantes que recebem bolsas. A intenção inicial da comissão era reformular as normas pertinentes aos programas, mas nunca extinguir o programa de bolsas administrativas (PAD).
Tudo isso mudou a partir da mobilização estudantil.
Conquistamos um aumento (ainda que aquém do necessário) sem a diminuição na quantidade de bolsas, o compromisso em encaminhar para a Comissão a liberação de estudantes em véspera de prova e para eventos estudantis (o que na prática é a conquista da pauta, já que a comissão é de ampla maioria da Administração Central) e uma questão importantíssima: a criação de uma comissão de estágio, que visa regulamentar as atividades de estágio dentro da Universidade (NPD, NPJ, Procuradoria, HUCAM etc.) de acordo com a Lei de Estágio.
É pouco perto do que pretendemos e queremos para a Universidade. Mas é o bastante para considerarmos esta etapa como vitoriosa e a finalizarmos com espírito de luta renovado.
Permaneceremos em estado de alerta, nos comunicando para que a reitoria não só cumpra o já prometido como no ano que vem rediscuta uma gama de questões que ainda ficaram pendentes e são para nós centrais. Por isso, a Reitoria terá que escolher, a partir de suas ações, se a greve diz “tchau” ou “até logo”. Estaremos vigilantes.
Exemplo disso é o direito a férias remuneradas. Neste semestre teremos, caso a Universidade permaneça intransigente, estudantes pagando para trabalhar. Ou seja, num período em que não há R.U. disponível e tampouco passe-escolar (meio-passe) à venda – já que o SETPES limita ao período letivo a venda de passes – estudantes serão obrigados/as a virem prestar serviços para a Universidade a troco de míseros R$300 (infelizmente necessários à subsistência de muitos/as), descontando disso R$4 ou R$4,30 por dia mais os possíveis gastos com alimentação. Sendo ainda que por enquanto os valores não serão elevados para R$360, já que o reajuste é previsto para janeiro. Desumano? Parece que não para nosso Reitor Rubens Rasseli.
Enfim, a conquista definitivamente não é plena, mas concordamos que esta etapa foi cumprida, denunciando amplamente a situação degradante em que estamos inseridos/as e cobrando postura imediata da Reitoria.
O próximo passo é acompanharmos ativamente a aprovação do novo regulamento das bolsas na UFES e no próximo período, caso não haja as mudanças necessárias ao andamento das atividades acadêmicas, nos comprometemos coletivamente em inaugurar uma nova etapa da nossa mobilização. Desta vez mais radicalizada e envolvendo toda a comunidade universitária, não só os/as bolsistas.
Retornaremos a partir de amanhã às atividades, encerrando por hora o movimento grevista, certos/as de que o processo aqui construído poderá dar muitos frutos para a construção de uma Universidade pública orientada às demandas sociais.
Agora temos que ao mesmo tempo comemorar as vitórias e articular intensamente nossa mobilização, que é e sempre será permanente.
Só a luta transforma.
Vitória, 17 de novembro de 2010
DCE-UFES
BOLSISTAS EM GREVE